Uma visão sobre as cotas raciais
26 de julho de 2010 ás 19:16
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No Brasil sempre se vendeu a falácia da Democracia Racial. Enquanto isso, colocamos a grande diferença social e racial embaixo do tapete.Os negros sempre foram cidadãos de segunda classe e às vezes nem isso. Quando escravos eram vistos como mercadorias do senhor. Muitas servindo inclusive como objetos sexuais. Por isso, tantos mestiços, que muitas vezes eram vendidos juntos com suas mães.Quando a elite brasileira compreendeu que tanto a monarquia como a escravidão não tinha mais futuro tratou de assumir em discurso a defesa da república e abolição. O que levou a Princesa Isabel a assinar a Lei Áurea. Toda a luta pela abolição de negros e brancos foi esquecida e a libertação dos escravos foi visto como um presente da elite branca.O fim da escravidão não garantiu aos negros a cidadania, eles foram "expulsos" das terras onde eram escravizados e ficaram sem ter residência e trabalho. Formaram as periferias das cidades vivendo de subempregos. Sem ter moradia decente, sem trabalho e sem futuro essa foi a condição dos negros.A linha da probreza é hereditária, se reproduz nas gerações futuras. Os filhos desses, que deixaram de ser escravos, não tiveram condições de ter estudo, pois muito cedo foram trabalhar, e isso se repetiu sucessivamente no Brasil.Portanto, a lei de cotas raciais repara essa ferida social e garante aos negros um espaço que socialmente nunca tiveram.No discurso daqueles que são contrários a lei, vejo uma maldade ou uma imperdoável ingenuidade. Falar que é preciso cotas sociais para pobres, em vez de cotas raciais, é uma falácia. Sim, devemos garantir cotas para oriundos de escolas públicas. Mas, uma coisa não pode suprir a outra. Pois é bom lembrar que os pobres sempre foram tratados à margem, mas os brancos nunca foram escravizados.Outro ponto do discurso dos opositores a lei é dizer que é necessário melhorar o ensino básico no país. Deixar a desigualdade racial no país para ser resolvido só no ensino fundamental e médio. É quase como não fazer nada e dizer que tudo se resolverá um dia, aos poucos. Já estamos com duzentos anos de espera por dias mais igualitários.Outro arguemto este mais revelador do preconceito é de que "os negros vão atrapalhar a universidade, baixar seu nível", conheço esse argumento. Mas os cotistas já mostraram que sua média de notas é maior, e menor a média de faltas do que as de quem nunca precisou das cotas. Curiosamente, negros ricos e não cotistas faltam mais às aulas do que negros pobres que precisaram das cotas.Precisamos confirmar as cotas para negros e para os oriundos da escola pública. Penso que podemos considerar não apenas os deficientes físicos, mas também os econômicos, e dar a eles uma oportunidade de igualdade, uma contrapartida para caminharem com seus co-irmãos de raça (humana) e seus concidadãos, de um país que se quer ser plural e democrático.
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